O Fundamento da Igreja

O Fundamento da Igreja

Em nossos dias muitas vozes tem se levantado contra a Igreja, contra sua natureza e seu propósito. Alguns nem mesmo sabem que com suas falas estão caminhando contra a gloriosa Igreja do Senhor, mas infelizmente assim o fazem quando em suas mensagens disseminam heresias e enfraquecem a importância da comunhão.

No final de 2019, o mundo foi atingindo com o COVID 19 fazendo assim com que nossas reuniões presenciais fossem pausadas. Me lembro que estava em Londres em março de 2020 quando o Lock Down foi anunciado e fiquei com muito medo de não poder voltar para estar com minhas filhas, e no meio de toda essa tensão eu escutei um suspiro de Deus em meu coração:
”Alessandro, a Igreja que se move por eventos não aguentará, mas a Igreja Gloriosa permanecerá!”. Amigos, era quase como se eu escutasse do Senhor aquele velho poema de Drummond de Andrade:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,

A pergunta é: O que fazemos quando a atividade cessa?

O que tenho visto e experimentado, com pesar, é que a falta de atividade revelou nossa falta de intimidade e verdade! Com esse espaço criado pela falta de atividades religiosas e com o imenso barulho interno de estarmos sozinhos em casa, tem feito com que muitos caiam nas mentiras ensinadas em nossos dias de que a Igreja não é tão necessária assim, relativizando a importância da comunhão, com uma teoria de que a Igreja pode ser on-line, ou até mesmo: “Igreja, é quando me reúno com meus amigos em casa”, dizem os que se acostumaram na Igreja de seus próprios umbigos.

Certa vez escrevi:

Nossas frustrações não podem ser maiores que o evangelho. Nossas decepções com comunidades locais não podem superar a vida de Cristo em nós. Cristo, por amor, também foi ferido, morreu, mas ressuscitou! Então muitos dizem: “Eu me reúno em casa, com minha própria família”. Quão cômodo é estar apenas com aqueles que lhe agradam, sem ser forjado na fornalha dos relacionamentos! Quão cômodo é você dizer que é Igreja com aqueles que você mesmo es- colheu, e não com todos aqueles que Cristo colocou em seu caminho! Que o Senhor nos faça uma verdadeira Igreja! Seja em casa, seja em templos, seja nas ruas, o lugar não importa, o que importa é que sejamos uma família. ( Jesus um Pai de Família, pag. 85)

Em meu ultimo livro, gastei um capítulo inteiro rebatendo aos que insistem em crer e ensinar que podem ser Igreja com quem desejam, apenas porque foram feridos, e quando uso a palavra ‘apenas’ uso com intenção, mesmo sabendo que você possa ter sofrido coisas terríveis nas mãos de homens e mulheres que não são pastores, mas lobos.

No entanto, meu querido irmão, o Evangelho é superior às nossas dores e mágoas e somente a comunhão verdadeira pode nos curar plenamente!

Esse breve texto que estou escrevendo tem a intenção não de rebater os “desigrejados”, mas de exaltar a Igreja. Vamos lá!

Existe muita confusão quando falamos da Igreja. Alguns dizem ser uma invenção humana, ou uma instituição falida, ou até mesmo algo que faz parte do Reino, mas que é só uma parte do Reino. Sendo assim, não deveríamos gastar tanta atenção assim. Alguns meses atrás eu cheguei a escutar em um podcast que o foco dos cristãos não deveria ser em discipulado mas em propagação da nossa mensagem na internet. Mas, de fato, qual o fundamento da Igreja?

Antes de continuarmos irei dar um breve resumo do que entendo ser a Igreja.

A Igreja é uma família (Ef 1.19-20), dotada de autoridade vinda de Deus (Ef 1.22-23) e é por meio dela que o Senhor manifesta a sua vontade na terra (Ef 3.10-11). Jesus é a imagem de um Deus invisível e a Igreja é a imagem de um Jesus invisível (Cl 1.15).

Portanto, no tocante ao homem não lhe foi dada autoridade e nem o direito de fazer a vontade de Deus fora da Igreja, nem tampouco estabelecer outro fundamento (1co 3.11). Logo entendemos que somos participantes da obra de Deus, edificando a Igreja em fundamentos apostolicos e proféticos (Ef 2.20), apresentado para Deus uma Igreja Gloriosa (Ef 5.27), sendo assim participantes de sua obra e gloriosa comunhão.

Precisamos entender que Jesus Cristo é apresentado pelo Apóstolo João em seus escritos como o Verbo, Aquele que estava no principio, que estava com Deus e era Deus. Sendo assim, Jesus é o Senhor, Deus e todo poderoso. Esse mesmo Senhor declarou: “Eu não faço nada que não vejo o meu Pai fazer” em João 5.19-20 . O que isso nos ensina é que Cristo, não inventou a ideia de ter uma Igreja; o Filho viu e repetiu na terra o desejo de Deus. Preste bem atenção nisso: a Igreja não foi um acidente neo-testamentário, mas uma continuação do plano de Deus.

O primeiro capítulo de Efésios nos apresenta as bençãos espirituais que ganhamos em Cristo e em seu sacrifício mas também deixa evidente que Jesus, ao ressuscitar se tornou o cabeça de um corpo chamado Igreja:

E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Ef 1.22-23

Paulo não só apresenta Cristo como o cabeça e fundamento da Igreja, mas também expressa em seus ensinamentos, que a Igreja de certa forma é a expressão de Cristo na terra e nela carrega a plenitude do Filho. Consequentemente, a Igreja carrega consigo a autoridade proveniente de Deus para ser o meio pelo qual a vontade de Deus é manifesta na terra!

para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, Ef 3.10

Entenda, a Igreja é o meio pelo qual a sabedoria ou vontade de Deus é conhecida no tempo presente; Cristo é a imagem de um Deus invisível e a Igreja a imagem de um Cristo invisível.

Queridos, podemos argumentar sobre melhorarmos nossos cultos, aprofundarmos nosso discipulado, revermos nossas pregações e missões, mas nunca questionar a escolha de Deus em levantar uma família (Ef 2.19-20) pela qual Ele deseja cumprir seu propósito. Em outras palavras, o fundamento é eterno e existe muito antes de nós. Não temos o direito de alterá-lo aos nossos prazeres e vontades.
A nós foi dado o privilegio de andar segundo o que ja foi posto, cultivando e guardando o que a nós foi dado pela graça.

A aplicação dessa verdade em nossas Igrejas locais e ministérios, é sobremaneira poderosa. O entendimento de quem a Igreja é, e para onde ela esta indo, nos fará ter uma clareza do que devemos fazer e como devemos andar.

Perceba, não precisamos inventar alguma fórmula do sucesso. Na verdade, nosso papel é apenas ser fiéis ao que Cristo ja fundamentou e isso requer coragem para pararmos de correr atrás de sermos inventores e apenas sermos filhos obedientes.

Meu convite a você que esta lendo essas palavras é para que juntos voltemos as raízes e não negociemos isso!

No decorrer das semanas estaremos alimentando esse blog com mais conteúdos como esse. A Igreja queima em meu coração e por isso daremos sequencia a esse texto.

Oro para que, de maneira simples, sua vida seja impactada por esse texto, um grande abraço!