A Diaconia compartilhando o pão

A Diaconia compartilhando o pão

Quando olhamos as Escrituras, nossa regra de fé e prática, essa mesma escritura pauta tanto nossas vidas como os serviços eclesiásticos desempenhados pelos irmãos de uma congregação. Um dos serviços descritos na Bíblia relacionado à vida eclesiástica de uma congregação e de suma importância é a Diaconia.

É comum no cotidiano de nossa vida cristã e de nossas reuniões dominicais nos depararmos com homens e mulheres que são colocados perante nossas congregações como diáconos e diaconisas. Quase que majoritariamente quando vamos observar as funções dos mesmos em nossas congregações, notamos que a função destes está relacionada ao serviço braçal e ao servir a ceia do Senhor. Não que tal entendimento seja inútil ou equivocado… Nada disso! Ele apenas não é a plenitude do serviço que um diácono deve desempenhar.

Muito mais do que o desempenho de uma função eclesiástica, através desse artigo desejo falar sobre um senso de diaconia que deve circundar toda a congregação, e como a falta de tal ofício pode ser maléfica a uma congregação. Mais do que buscar títulos ou funções, é necessário que nossas comunidades locais sejam preenchidas não por uma quantidade infindável de diáconos, mas sobre um senso diaconal que serve a congregação tanto com seu serviço, quanto com pão e vinho.

Quando falamos sobre diaconia, a palavra usada no grego é Diakonos, que significa servo de um rei, ministro. Diáconos devem ser servos, mas também ministros. Quando olhamos as Escrituras, em 1 Tm 3 vemos o caráter de quem deseja exercer a diaconia, e em At 6 vemos a função que cada diácono deve desempenhar. Antes de desempenhar uma função, a Bíblia requer dos diáconos um caráter aprovado. Diáconos são levantados não porque servem bem, ou porque se voluntariaram a servir a ceia do Senhor, mas porque o caráter dos mesmos os capacita para tal função. Caso possua o caráter requerido de um diácono, descrito em 1 Tm 3, só aí posso desempenhar a função descrita em At 6. Vamos ao texto de Timóteo:

“Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, 9 conservando o mistério da fé com a consciência limpa. 10 Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato.” (1 Timóteo 3:8-10)

Como demonstrado no texto, existe um caminho até o diaconato, que é: Caráter aprovado, experiência e ser irrepreensível. Se desejamos ser uma igreja gloriosa devemos observar as Escrituras, e esse é o caminho até o ofício diaconal. Não levantamos diáconos por demanda, ou por serem bons servos, mas por terem um caráter aprovado e experiência nas Escrituras. Caso tudo isso seja verificado, poderemos então, segundo as Escrituras, levantar alguém ao ofício diaconal. Não é um bom serviço que alça alguém até a diaconia, mas seu caráter e exemplo público de fé.

Entendido o que é necessário a um diácono, vamos à descrição bíblica de sua função e como a falta de tal figura pode gerar vários dilemas em nossa vida congregacional. Vemos em At 6 que a Igreja Primitiva estava em plena expansão pela pregação do evangelho e os sinais e maravilhas que os acompanhavam. As pessoas começaram a largar suas vidas, casas e famílias para viver o evangelho e seguir a Cristo. Os Apóstolos então se viram em um dilema: o de permanecer fiel ao dever de pregar o evangelho e também o de agora gerenciar uma comunidade de fé que os seguia.

Os discípulos estavam se multiplicando de uma maneira estrondosa, e algumas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária, então a resposta dos doze apóstolos a tal dilema foi o levantar de 7 diáconos, que são: Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau. Vamos agora adentrar à função diaconal segundo as Escrituras.

Tais homens foram tirados do meio dos discípulos (At 6:2). Todo bom diácono é antes um bom discípulo, mas não só isso, eles têm que ser de “boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria” (At 6:3). As Escrituras cobram uma diaconia não só boa em serviço, mas uma diaconia com caráter aprovado, que seja discípulo, e seja cheio do Espírito Santo.

E qual era a sua função? Servir as mesas e cessar as murmurações! Ao levantar os diáconos, o pão da mesa dos apóstolos seria servido a todas as mesas, fazendo com que a murmuração cessasse, e toda comunidade mantivesse intacto o senso de unidade. Não era razoável que os apóstolos deixassem de se dedicar à oração e ao ministério da palavra (At 6:3), para cessar as murmurações e servir as mesas. Tal dever é encargo da Diaconia.

Uma Igreja com uma diaconia bem posta, em primeiro lugar, não tem em seu meio murmuração, pois tal murmuração é cessada pelos Diáconos. Não é função dos pastores cessar murmuração, mas sim da Diaconia. Muitas vezes sobrecarregamos nossos pastores e cobramos deles uma posição de servir as mesas, sendo que é necessário deles o encargo de se dedicar à oração e à palavra. Uma falta de diaconia sobrecarrega os pastores locais com uma demanda que não é deles. Um dos erros mais comuns que vemos nas Igrejas é cobrar dos pastores demandas que são diaconais.

Em segundo lugar, uma igreja com uma diaconia bem posta faz com que o pão da mesa dos apóstolos chegue a todas as mesas. O pão fala de revelação! Quando uma igreja tem uma diaconia bem posta, a revelação que é dada ao pastor local não escorre somente até as lideranças locais, mas à toda Igreja. Muitas de nossas igrejas sofrem com isso. Por falta de Diaconia, a revelação e a identidade de uma comunidade local, fica restrita somente à liderança que tem contato com os pastores. Com isso não há senso de pertencimento nessas Igrejas, pois toda a congregação não recebe o pão que era dever dos Diáconos distribuirem. Dar pão (revelação) às viúvas é dever da diaconia! Bons diáconos servem quem precisa de pão, não quem eles querem.

Uma Igreja com uma diaconia bem posta, em terceiro lugar, descansa os presbíteros e pastores locais. Por falta de entendimento do ofício diaconal, muitos de nós cobramos de nossos pastores e líderes, ofícios e responsabilidades que são dos diáconos, tirando os mesmos do lugar de oração e da palavra, gerando um peso desnecessário sobre eles e tirando os olhos deles do céu! É dever do presbitério local se dedicar à oração e à palavra, discernindo as estações e o que Deus quer fazer numa congregação, mas se os tiramos a todo momento desse lugar para atender as viúvas que reclamam de pão, geramos uma congregação desgovernada e desalinhada com as Escrituras.

É inacreditável o número de pastores cansados com o ministério, e infelizmente só vemos esse número crescer ainda mais. Se a Igreja entender de fato o ofício diaconal, teremos pastores dedicados ao que verdadeiramente é o seu serviço, e todo um corpo que se move de maneira diaconal, de modo a não faltar revelação a ninguém, e também de não haver murmuração em nossas igrejas. Teremos um corpo ajustado que opera o seu próprio crescimento (Ef 4:16).

Além de igrejas verdadeiramente ajustadas nas Escrituras, há uma promessa àqueles que desempenham bem o diaconato. Tal promessa está descrita em 1 Tm 3:13 que diz: “Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus.” Lembremos de Estêvão! Um homem de Deus, cheio de sabedoria, que se movia com grandes sinais e maravilhas, que servia as mesas e morreu como um mártir. Essa é a diaconia em que acredito, homens cheios de poder de Deus, que desempenham bem as suas funções, dão exemplo com seu caráter, servem as comunidades locais com pão e vinho e não são uma subclasse espiritual que é diminuída a bons serviçais.

Faça um comentário

Live Reply

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados