Certa vez Moisés estava cuidando das ovelhas de seu sogro quando chegando ao Monte do Senhor, Deus lhe apareceu por meio de uma sarça ardente que queimava mas não era consumida. Naquele dia, a vida de Moisés foi radicalmente transformada. Naquele encontro nasceu o libertador de Israel.
É lindo pensar que todos nós temos uma “sarça ardente” que nos marcou, como o dia em que Deus nos tocou e mudou algo dentro de nossos corações. De fato, acredito que todo homem e mulher de Deus precisam de sua própria sarça ardente. Se você ainda não teve a sua, é hora de buscá-la! Não podemos aceitar falar de um Deus que não conhecemos. Servir ao Deus de nossos pais, ser amigos de pessoas que são amigos de Deus, não pode ser nosso padrão de fé, precisamos nos tornar íntimos de Deus, por nós mesmos!
Definitivamente precisamos fugir de um cristianismo que nos apresenta o Deus dos outros e nos prende nessa realidade distante onde Deus não é conhecido e provado por nós. Em outras palavras, você precisa de uma “sarça ardente”, onde você vai conhecê-lo, vê-lo e receber uma porção de entendimento e destino. É nesse lugar que descobrimos pelo que desejamos gastar nossa vida, qual a mensagem que nos move.
Nossos momentos de “sarça ardente” são indispensáveis em nossa caminhada com Cristo. São nesses encontros com Deus que traçamos nosso DNA e para onde iremos. Veja o que o Apóstolo Paulo escreve ao seu filho na fé Timóteo:
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti. 2 Tm 1.3-5
Note que o apóstolo Paulo honra suas raízes ,e também as raízes de seu discípulo. Fica aqui uma dica, desconfie da liderança que não sabe honrar de onde você veio e suas “sarças ardentes” antes de conhecê-los. Veja bem, Paulo e Timóteo são fruto de um contexto familiar e também de onde receberam o seu toque! E o apóstolo continua:
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. 2 Tm 1.6-7
Veja, o motivo pelo qual Paulo está chamando atenção de Timóteo! Porque o Apóstolo reconhece que em Timóteo há uma porção dada por Deus, através de Paulo. Sua história é pelo seu pai na fé, apóstolo Paulo. A admoestação tem como enfoque o reavivar do dom.
Engraçado pensar nisso quando se pensa que Timóteo era pastor da igreja de Éfeso, filho espiritual de Paulo, e um homem de fé sem fingimento. O que me leva a entender que Timóteo não havia esfriado na fé. Mas Paulo quando chama atenção de Timóteo para que “reavives o dom”, não o faz porque percebe alterações na fé de Timóteo, mas para que justamente seu filho na fé permaneça fiel.
Em outras palavras, o reavivar do dom não é apenas para aqueles que esfriaram, mas principalmente para aqueles que não querem esfriar! Se não mantermos em nós a chama dos primeiros dias acesa, se não mantermos o que recebemos no começo aceso; temos traçado o nosso fracasso diante de nós.
Aquilo que recebemos de Deus em nossos encontros pessoais com Ele, através de nossa história familiar e de vida, e também através de nossos pais na fé deve ser guardado em nosso coração com zelo e temor; isso nos define!
O motivo pelo qual escrevo esse texto é para que você guarde o que recebeu de Deus com santo temor e tremor, para que nada te roube isso! Entenda; com isso não estou dizendo que você não deve amadurecer e crescer na sua caminhada, pois, com toda certeza, você deve!
Preste atenção nisso; o coração de menino do começo de sua caminhada deve ser mantido até o fim dela, mas não o menino. Sendo assim, trazemos a pureza do começo com a maturidade do fim. O que pretendo te passar através dessas palavras é o peso de zelo que lhe fará não negociar sua mensagem e aquilo que recebeu no começo, mas ao mesmo tempo um zelo que lhe fará “reavivar o dom”, ou seja, atualizar.
Sendo assim, precisamos guardar com zelo o que Deus nos deu, mas nunca nos limitarmos a aprender e crescer durante a caminhada. Pense no seu ministério, empresa, banda; se em todo momento você mudar a visão de sua empresa, por exemplo, fatalmente ela irá falhar. Visão que muda morre!
Da mesma maneira, se olharmos para uma empresa que foi fundada com uma boa visão, bons funcionários e produtos, mas com o passar dos anos não se atualizou e não entendeu o mercado do tempo atual; infelizmente irá falhar. Estratégia que não se atualiza perde relevância!
Quando entendemos que visão que muda morre, e estratégia que não se atualiza perde relevância, vamos encontrar um equilíbrio saudável em nossa caminhada. Basicamente passamos a receber aquilo que nos atualiza, nos molda e lapida para o crescimento saudável, mas rejeitamos tudo o que busca alterar a visão que recebemos. Seja atencioso em entender o que te atualiza e o que te altera; rejeite a segunda opção!
Um líder que não é certo de quem é, não é digno de ser seguido. Por que alguém seguiria um líder que está constantemente mudando de direção? Eu não seguiria um líder assim. Da mesma maneira que não seguiria um cabeça dura.
Nós, como líderes, cristãos e filhos que buscam a maturidade precisamos andar na paixão dos primeiros dias, seguida da sabedoria dos últimos. Eu trago comigo a minha “sarça ardente” e aceito o trabalhar e moldar de Deus conforme a minha caminhada acontece. Não erro mais no que errei, não tropeço mais no que tropeçava; eu amadureço! No entanto, aqueles que me conhecem continuam reconhecendo o mesmo vigor, fogo e paixão do começo; a visão não morreu!
Querido amigo, não negocie sua mensagem, não negocie sua visão. Somente isso te fará ter direção objetiva na sua caminhada, somente isso te difere do mar de gente que mora nesse mesmo planeta. Não negocie sua visão em detrimento a popularidade, aceitação ou qualquer outra proposta. A relevância anda de mãos dadas com o preço a ser pago.
Abrace seus processos, abrace as dores; pois são essas dores e processos que te darão a autoridade e sabedoria dos últimos dias. Não se mova por nada mais, além de fazer a boa, perfeita e agradável vontade de Jesus.
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