A Supremacia de Cristo

A Supremacia de Cristo

A supremacia de Cristo tem sido um tema central nas reflexões que venho compartilhando com a Igreja ONE de Londres, e essas reflexões têm transformado profundamente minha vida nos últimos meses. À medida que medito nessa verdade, percebo com mais clareza e intensidade o compromisso eterno de Deus Pai em exaltar Seu Filho, Cristo, acima de todos os nomes e nações. Esse compromisso culminará no grande Dia em que somente o Senhor será exaltado, e quando a plenitude da beleza de Jesus for revelada, não haverá neutralidade. Todo joelho se dobrará, e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor. Essa verdade tem ecoado fortemente em meu coração, gerando um chamado urgente para a Igreja colocar Cristo no centro de tudo.

O Espírito Santo tem trabalhado para restaurar o foco da Igreja, guiando-nos a reconhecer Cristo como a pedra angular de todas as nossas ações. Não podemos mais nos permitir a neutralidade diante do plano divino, pois, quando a glória e beleza de Cristo se manifestarem em sua totalidade, todos serão compelidos a se submeter à Sua majestade. Isaías 2:11 nos adverte que “os olhares altivos do homem serão humilhados, e o orgulho dos homens será abatido; somente o Senhor será exaltado naquele dia.” Essa advertência é um convite para nos rendermos completamente a Cristo, entendendo que toda glória e exaltação pertencem exclusivamente a Ele.

A revelação de Cristo, portanto, é o ponto culminante do plano de Deus para a humanidade. Herman Bavinck explica em *Reformed Dogmatics* que “a revelação de Cristo é a revelação final e completa de Deus, culminando no estabelecimento do Reino de Deus. Esse Reino é a plena realização do plano de Deus para a criação, trazendo a restauração de todas as coisas.” Assim, o cumprimento das profecias e a escatologia devem ser vistos como a manifestação do compromisso do Pai em exaltar Seu Filho. A beleza de Cristo, revelada em plenitude, será tão triunfante que resultará na completa redenção de todas as coisas.

Um aspecto crucial dessa revelação é o título “Filho do Homem”, que Jesus usou repetidamente nos Evangelhos. Muitas vezes, esse título é mal compreendido como um indicativo apenas de Sua natureza humana, mas sua essência está profundamente enraizada nas profecias de Daniel e se refere diretamente ao Seu papel messiânico. Em Daniel 7:13-14, lemos:

“Eu estava olhando nas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do Homem; dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até Ele. Foi-Lhe dado domínio, glória e um reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas O servissem; o Seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o Seu reino jamais será destruído.”

Essa visão profética de Daniel fala do Filho do Homem, não apenas como uma figura humana, mas como o Messias de Deus, aquele a quem é dado domínio eterno sobre todas as nações. Essa profecia é clara: o Filho do Homem é o Ungido de Deus, o Messias prometido que governaria eternamente. Esse título, portanto, não se refere essencialmente à humanidade de Jesus, mas à Sua missão messiânica e ao Seu papel como o governante prometido que subjugará todas as nações.

Jesus usou o título “Filho do Homem” aproximadamente 80 vezes nos Evangelhos, e essa expressão é a mais comum que Ele emprega para Se descrever. Ao fazê-lo, Jesus está se identificando como o Glorioso Homem que Daniel viu subjugando as nações e recebendo o Reino eterno. Ele está declarando abertamente que Ele é o Cristo, o Messias prometido. Em Mateus 24:27, Jesus afirma:

“Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem.”

Isso deixa claro que o “Filho do Homem” não é apenas um título que se refere à Sua natureza humano-divina, mas que aponta diretamente para as profecias messiânicas de Daniel. Jesus estava afirmando Seu papel como o Messias prometido que governaria o Reino eterno de Deus.

Além disso, Ezequiel 1:26 nos oferece outra visão profética de um trono de safira e a “semelhança de um ser humano” sentado sobre ele. Essa é uma referência à majestade de Cristo, o Filho do Homem. Ele é o Governante Glorioso digno de assentar-Se no trono e governar toda a criação. Esse Homem, descrito por Ezequiel e Daniel, é o mesmo Messias prometido em Isaías, o Servo Sofredor e o Rei Ungido.

Portanto, irmãos e irmãs, devemos ser preenchidos com um santo temor e reverência, pois Jesus não é apenas um remédio para nossos problemas ou uma solução temporária para aliviar nossas consciências. Ele é o Filho de Deus, o Messias prometido, o Governante Supremo de todas as nações. O título “Filho do Homem” carrega consigo o peso da profecia e a promessa de que Cristo reinará para sempre. Quando a plenitude de Sua beleza for revelada, toda a criação se dobrará diante d’Ele. O cumprimento das profecias e o estabelecimento do Reino Messiânico de Cristo são a expressão suprema do compromisso de Deus Pai em exaltar Seu Filho.

Contudo, nesta presente era, enfrentamos duas forças que militam contra essa verdade: os ídolos do coração e o espírito desta era, o espírito do anticristo mencionado na primeira carta de João. Esses obstáculos distorcem nossa percepção da glória de Cristo, tentando nos afastar da plena revelação de Sua majestade. O espírito do anticristo trabalha para negar a divindade e autoridade de Jesus, enquanto os ídolos de nossos corações nos impedem de adorar a Cristo em Sua totalidade. Ambos desviam nossa adoração para coisas que não podem nos satisfazer e não são dignas da glória de Deus.

A.W. Tozer define a idolatria de forma precisa: “A essência da idolatria é entreter pensamentos sobre Deus que são indignos d’Ele” (*The Knowledge of the Holy, Chapter 3*). Esses pensamentos distorcidos criam ídolos em nossos corações, substituindo a verdade de Deus por ideias incompletas e falhas. Isso nos afasta da adoração verdadeira e nos prende em uma percepção limitada de quem Deus realmente é.

Tim Keller aprofunda essa questão ao abordar a idolatria do coração. Ele explica que a idolatria ocorre sempre que algo, além de Deus, se torna essencial para nossa felicidade e identidade. Em *”Deuses Falsos”*, Keller destaca que um ídolo pode ser qualquer coisa que ocupa a primazia em nossos corações, aquilo em que depositamos nossa confiança. Ele escreve: “Um ídolo é qualquer coisa que absorva o seu coração e a sua imaginação mais do que Deus, qualquer coisa que você busca para dar o que só Deus pode dar.”

Keller também relaciona o ego humano à idolatria em seu livro *”A Liberdade da Autodescoberta”*. Ele descreve o ego como algo “inflado, mas vazio, frágil e doloroso,” sempre buscando validação e constantemente se comparando. Assim como os ídolos, o ego humano está em uma busca incessante por significado em coisas que nunca podem satisfazer. Essa busca nos leva a um ciclo de inquietação e comparação, afastando-nos de Deus.

Essa advertência ecoa em Romanos 1:21-23, onde Paulo nos alerta sobre o perigo de trocar a glória de Deus por ídolos. Mesmo conhecendo a Deus, muitos “não O glorificaram como Deus, nem Lhe renderam graças. Em vez disso, seus pensamentos se tornaram fúteis e seus corações insensatos se obscureceram.” A idolatria espiritual é perigosa porque nos desvia do foco em Cristo, substituindo-O por objetos, pessoas ou ideias que jamais poderão nos satisfazer plenamente.

Keller nos desafia a reconhecer que até mesmo coisas boas, como família, trabalho ou ministério, podem se tornar ídolos se as tratarmos como fontes de segurança e identidade. Ele afirma: “A essência da idolatria não é apenas adorar coisas erradas; é usar as coisas boas que Deus nos deu de maneira errada, elevando-as ao status de deus.” É por isso que precisamos constantemente examinar nossos corações e destruir esses ídolos ocultos. Cristo, e somente Cristo, deve ocupar o trono de nossas vidas.

Essa verdade se reflete de forma majestosa na visão de Daniel 7:13-14, onde o Filho do Homem recebe domínio, glória e um reino eterno, para que todos os povos e nações O adorem. Jesus, ao se referir a Si mesmo como o Filho do Homem, afirma Sua missão como Messias e Seu papel como governante supremo sobre todas as coisas. Ele é o Rei, o Deus-homem, que será adorado por toda a criação, e Seu domínio jamais terá fim.

O evangelho proclama que somente Jesus é digno de toda honra e glória. No grande Dia, todas as nações se prostrarão diante d’Ele. Pregar o evangelho é declarar a destruição de todos os ídolos e a exaltação final de Cristo. Apocalipse 5:1-5 nos mostra o Cordeiro, o Leão da tribo de Judá, como o único digno de abrir o livro e seus selos, reafirmando que Cristo já está sendo exaltado e que Sua glória será plenamente revelada em Sua segunda vinda.

Jonathan Edwards complementa essa visão ao afirmar que “o mérito infinito da obediência e sofrimento de Cristo é seguido da recompensa infinita de Sua exaltação e domínio sobre o céu e a terra.” Não haverá mais espaço para neutralidade ou indiferença; toda criação reconhecerá a supremacia de Cristo.

Essas reflexões sobre a supremacia de Cristo me levaram a um lugar de profunda reverência e adoração. A beleza de Jesus exige uma entrega total, onde todos os ídolos do coração devem ser destruídos. Somente Cristo será exaltado naquele grande Dia, e precisamos viver hoje como aqueles que estão se preparando para esse glorioso momento.

Como diz o Salmo 2, “beijai o Filho.” Essa é uma resposta doce e amarga, como escrevi em *Andando em Família*: “Doce porque há um caminho para aqueles que se arrependem; por outro lado, amarga porque o Filho, quando Sua ira se acende, não voltará atrás em Sua vontade.”

Tim Keller nos alerta sobre os obstáculos que os ídolos impõem à nossa entrega total. Eles nos distraem da verdadeira adoração e nos afastam da satisfação que só Cristo pode oferecer. Que possamos permitir que o Espírito Santo revele e destrua esses ídolos, para que Cristo reine supremo em nossos corações.

Minha oração é que a revelação de Cristo se torne cada vez mais clara em nossas vidas e que vivamos para exaltar o único digno de toda adoração: Jesus Cristo, o Filho do Homem, nosso Salvador e Rei eterno. Que essa verdade nos conduza a uma adoração genuína, trazendo glória somente a Ele, hoje e para sempre.

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