Existe uma grande discussão nos dias atuais sobre política. Principalmente, quando falamos sobre o posicionamento de cristãos no contexto político. Alguns defendem a ideia de que Estado e religião não devem se misturar, enquanto outros afirmam que um apenas deve prevalecer. Porém, para muitos, o conceito de política ainda não está muito bem definido e esclarecido. A verdade é que todos nós, sem exceção, fazemos política. Nós, homens e mulheres, somos seres sociais e, por sermos seres sociais, fazemos política.
A política nada mais é do que a convivência entre diferentes, exposição de pensamentos e opiniões. Se debatemos se pizza é melhor do que hambúrguer, se um trabalho é melhor ou pior do que o outro, e também, quais políticas sociais seriam eficazes para uma cidade, estamos fazendo política.
Quando olhamos para a situação governamental que estamos vivendo hoje, vemos uma grande polarização ideológica: direita ou esquerda, conservador ou progressista, público ou privado. A realidade é que para nós cristãos, essa visão maniqueísta é insuficiente, reducionista e empobrecida.
Dentro do contexto religioso ainda há muitos tabus construídos a respeito desta temática. Por não se interessarem, ou até mesmo por medo da política, os cristãos não investem tempo e estudos sobre o assunto e não conseguem pensar além da dicotomia ideológica atual. Porém, se nos prendermos a estas categorias tão pobres, então não conseguiremos nos posicionar de forma sábia e convicta a respeito das questões sociais. Onde não há um filho de Deus posicionado, existe um filho da desobediência tentando tomar este lugar.
O cristão deve ser conservador ou progressista? Direita ou esquerda? Deve ou não se interessar e engajar na política? Eu, pessoalmente, me apego ao mandato cultural exposto em Gênesis 2.15: cultivar e guardar. Aqui, podemos ver Deus ensinando ao homem que guardasse o jardim e cuidasse dele para que nada se perdesse ou saísse de ordem. Também, vemos Deus instruindo o homem a cultivar, isto é, além de guardar, o homem deveria fazer com que a cultura do jardim crescesse e desse frutos.
Quando falamos em cultivar e guardar estamos apontando para a conservação e também sobre o desenvolvimento de algo. Somos conversadores e também progressistas, mas não ao reflexo de uma política caída, mas sim de uma mentalidade e cultura vinda do próprio Jesus. Cristo transcende a esse mundo. Ele é superior a todos os pensamentos e comportamentos que se tornaram ideais na sociedade. Nossa mente humana limitada não comporta toda a grandeza e sabedoria de Deus.
Não somos deste mundo, então jamais nos adequaremos às caixinhas que ele tenta nos colocar. Jamais encontraremos a resposta para nossos conflitos internos e externos nas ideologias caídas. Nossa resposta está somente no Senhor.
Quando olhamos para a vida de Jesus, vemos que ele não se posiciona exclusivamente ao lado de um grupo ou outro. Jesus vem nos revelar uma nova realidade. Uma cultura que os homens ainda não conheciam e que agora estava à nossa disposição. Uma cultura que atravessa o comportamento e atinge diretamente os corações.
Muito além de nos prendermos à posições partidárias, precisamos olhar com as lentes de Cristo, por meio do Evangelho. Um cristão que tem intimidade com Deus e é guiado pelo Espírito não recorre ao espírito dessa época para buscar justiça e transformação social e política. Justiça significa condição aceitável para Deus e a Igreja é o meio para a justiça de Deus se manifestar na sociedade.
“Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” Romanos 6:13,18.
O Evangelho de Deus, Jesus, é a autoridade que nós, filhos de Deus, precisamos para nos posicionarmos em relação à sociedade. A melhor forma de um cristão fazer política hoje é manifestar a realidade do céu e, em contrapartida, para estabelecermos uma cultura, é preciso fazer política. É necessário nos posicionarmos contra um governo que se afasta dos princípios de Deus e também à favor daqueles que tem um coração e uma postura semelhantes a de Jesus. A igreja é militante, e a sua militância é unicamente contra toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus (2Co 10.5)
Portanto, a igreja precisa assumir seu papel profético na esfera pública, porém, será impossível assumir este posto se não tivermos um entendimento claro a respeito do reinado de Jesus. Sem bíblia e sem escatologia, um cristão na política ou em qualquer outra esfera da sociedade, estará fazendo um descaso. Existe um fato que é necessário temos plena consciência: jamais triunfaremos sem Jesus. Só existirá restauração em todas as esferas sociais e políticas quando o governo de Cristo estiver totalmente estabelecido.
Até que Jesus volte, estaremos experimentando uma política caída e um governo injusto. Porém, chegará o tempo em que veremos o novo céu e a nova terra, e a cidade santa que descerá, e em fim as lágrimas serão enxugadas, a morte já não existirá, não haverá mais luto, nem pranto, nem dor. (Apocalipse 21) Essa é a nossa bendita esperança. Maranata!
“Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” Apocalipse 21.5
Mariana Gerbassi Campos, 23 anos. Cientista Social formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pós-graduanda em Sociologia Política e Cultura na PUC-Rio. Empresária. Co-líder da ONG Casa Base, empreendimento social da Igreja ONE.