Peregrinando em cabanas, esperando pela Presença

Peregrinando em cabanas, esperando pela Presença

Nós simplesmente não fomos criados para viver em uma era caída. Esta era é caída porque foi privada da habitação objetiva da presença de Deus entre os homens. A gloriosa presença do Criador reunindo céus e terra em volta da sua beleza, estendendo seu cetro de justiça e retidão sobre toda a ordem criada. O cosmos desfrutando a harmonia, perfeição e paz da convergência que somente a habitação do Senhor pode proporcionar. Mas caímos, caímos todos nós. O que nos restaria seria apenas uma existência sem sentido de inutilidade, dor, sofrimento, remorso e angústia infinita, se Deus não tivesse feito uma promessa de voltar a habitar objetivamente na Terra.

Os filhos de Deus se apegam a isso, aguardam pelo fim dessa era. Não simplesmente porque junto com ela se vão os problemas, as decepções, a dor e o pesar, mas pelo motivo do findar desse sofrimento. O motivo é a Presença. Somos convocados a peregrinar por esse era enquanto aguardamos ardentemente por nos achegarmos eternamente ao Santo, enquanto Ele descansa por fim sobre céus e terra unificados.

Dito isso, quero que olhemos rapidamente para a festa de Tabernáculos (Sukkot), onde podemos encontrar o explicito desejo do Senhor em discipular Israel e a todos nós o coração peregrino durante esse era, enquanto aguardamos a habitação do Santo.

A festa de Tabernáculos acontece logo após as festas de Trombetas e do Dia da Expiação. O clima que Israel entrava na festa de Tabernáculos era de reconciliação e salvação. A festa de Tabernáculos é uma festa de peregrinação, cujo objetivo é lembrar de quando, na primeira noite depois de Deus ter libertado seu povo do Egito, Israel dormiu em cabanas diante da glória de Deus.

Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho. Os filhos de Israel saíram do Egito organizados como um exército. Moisés levou consigo também os ossos de José, pois este havia feito com que os filhos de Israel jurassem solenemente, dizendo: “Deus certamente visitará vocês. Quando isso acontecer, levem os meus ossos daqui.” Os israelitas partiram de Sucote e acamparam em Etã, à entrada do deserto. O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os iluminar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. A coluna de nuvem nunca se afastou do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite. Êxodo 13:18-22

Dormindo debaixo das estrelas, recém libertos da terra da escravidão, o povo contemplava o “guarda chuva” flamejante da glória do Senhor, enquanto ela os cobria, iluminava e aquecia. Por qual motivo Deus ordenaria que este dia fosse relembrado, estabelecendo ritos litú  rgicos que levassem o povo de ano em ano de volta à esse evento? O motivo é que as festas são formas do Senhor discipular o povo, ensinando, moldando os afetos e desejos e sinalizando o futuro.

Agora que o povo já havia sido liberto da escravidão, podiam contemplar a glória de Deus, o que mais faltava? Faltava a habitação. Eles ainda não estavam na terra prometida, pelo contrário, ainda estavam na entrada do deserto. Podiam contemplar a glória, mas não poderiam comportar a habitação. Ainda precisavam andar, ainda precisavam peregrinar.

Assim também somos nós, remidos pelo sangue de Jesus, o Messias derramando na cruz, fazendo expiação pelos nossos pecados, nos libertando da escravidão ao pecado aos quais estávamos submetidos. Agora, o Precioso Espírito de Deus, que é Deus, habita dentro dos que foram lavados pelo sangue de Jesus. O Espírito nos mostra a beleza do Pai e do Filho, nos transformando na mesma imagem que estamos contemplando, de glória em glória.

Ora, este Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

E todos nós, com o rosto descoberto, contemplando a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, que é o Espírito. 2 Co 3:17-18

O Senhor não nos deixou órfãos, nossa necessidade é tão profunda e o amor de Deus tão grande, que precisamos da Presença para perseguir a Presença. Precisamos do Espírito para aguardar pela Habitação. Não estamos sozinhos. O grande paradoxo é: Ele está conosco até que esteja habitando entre nós.

E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos. Mt 28:20b

Aleluia, nós podemos contemplar a glória de Deus! Ela tem nos aquecido, nos visitado, nos iluminado! Mas meus amigos, Nós ainda estamos numa era caída na qual não fomos criados para viver. Por isso, peregrinamos. O Espírito habitando em nós, nos fazendo nova criaturas, é a garantia de que quando Deus vier morar na terra, Ele fará uma nova criação!

Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora.

E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Rm 8:22-23.

Amigos peregrinos, convido vocês a continuar se indignando com essa era, não se mantendo alheio a ela, mas refletindo a glória que agora podemos ver, mas tendo o coração ancorado na Promessa de que o Senhor estenderá o seu Reino sobre a terra. Nunca mais estaremos apartados da sua presença, a criação não precisara mais gemer, tampouco nós por causa da corruptibilidade do nosso corpo, mas nos alegraremos para sempre. Nos lembraremos das cabanas armadas no deserto, mas habitaremos para sempre com o alvo da nossa peregrinação. Avante, peregrinos. Maranata!

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