Sabe aquelas orações difíceis, aquelas em que nós oramos, oramos, oramos, e parece que Deus não está ali? Deus valoriza essas orações! E vale um adendo, Ele está ali.
Algumas pessoas supõem que, pelo fato de não sentirem nada quando oram, Deus também não deve estar sentindo nada. Mas isso é um equívoco. Como diz Mike Bickle, “a verdade é que oferecemos as nossas orações em fraqueza humana, mas elas sobem a Deus em poder por causa da suficiência do sangue de Jesus e porque estão de acordo com o coração de Deus”. Jamais meça as suas orações pelos seus sentimentos! São nesses momentos que nosso amor e nossa fidelidade são provados. Já pararam para pensar que a fidelidade não é medida no tempo de bonança?
A palavra ‘fidelidade” no grego tem significado de “constante”. Uma pessoa fiel é uma pessoa constante, que permanece, que persevera. Existe um segredo na oração, que é a CONTINUIDADE. Jesus contou aos seus discípulos uma parábola ensinando que eles deveriam insistir na oração até que Deus respondesse:
“Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade. Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.” (Lucas 11:5-10)
Nesta passagem, os verbos gregos referentes a “pedir”, “buscar” e “bater” estão no tempo verbal presente contínuo. Em outras palavras, devemos pedir e continuar pedindo, buscar e continuar buscando, bater e continuar batendo. A mensagem é um chamado à perseverança.
O apóstolo Paulo nos chamou a orarmos com toda a perseverança (Ef 6:18) e combatermos fervorosamente em oração (Cl 4:12). Mas o mais interessante é que a palavra “fervorosamente”, no original grego, tem ideia de “persistência”. Ou seja, persistência na oração. Então, orações fervorosas não necessariamente são orações barulhentas, e sim orações persistentes.
É muito comum, como cristãos, provarmos de uma estação de avivamento em nossa igreja local, com grandes visitações de Deus e acharmos que vai ser sempre assim. A nossa igreja local passa por estações: estações em que Deus está promovendo amor fraternal, estações em que Deus está levando toda a congregação a orar, estações em que estamos sendo batizados com fome por avivamento, mas também estações que estamos sendo prensados por Deus em comunidade.
O perigo da estação de avivamento local é que muitos estão “surfando” no fogo do outro, se apoiando na vida de oração do seu líder, que está derramando algo da parte de Deus nessas pessoas. Mas quando essa estação passa, essas mesmas pessoas esfriam no meu amor a Deus, na sua devoção, sem saber o que está acontecendo de “errado”. Mas a verdade é que devemos sempre permanecer nesse lugar de oração, seja quando o “kabod” (a glória) de Deus se manifesta, ou seja quando não sentimos nada. E eu ouso dizer que esses momentos difíceis, de orações secas, são os que sustentam os tempos bons.
Nós temos a tendência de romantizar o avivamento, mas o avivamento não é romântico. Para haver óleo, alguém está sendo prensado; para haver fogo, alguém se entregou como sacrifício vivo no altar. Sacrifício vivo, diferentemente do morto, é aquele que SE ENTREGA voluntariamente ao altar, não é levado. E este prova da boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12:1-2).
A ORAÇÃO É SUPERIOR AO QUE SENTIMOS!
Então não deixe de orar mesmo quando as orações parecerem secas, porque Deus valoriza essas orações. Corrie Ten Boom dizia: “Não ore quando sentir vontade de orar. Tenha um encontro marcado com o Rei e mantenha-o”.
A noiva de Cantares, Sulamita, também passou por um período em que o amor pelo Senhor e a sua busca por Ele foram provados (outro dia podemos falar mais sobre isso!). E nesse tempo de poda de Deus, Ele quer extrair o azeite e, como dizia E. M. Bounds, o preço da unção é uma vida de oração. Então, PERMANEÇA! Assim você está alimentando o amor.
A oração nos oferece condições para sermos capacitados a amar a Deus. Então dia após dia, neste lugar, nosso amor pelo Senhor e o nosso deleite nele crescem. Mas mais uma vez, não se engane com as emoções.
E, permanecendo nesse lugar, acontecerá o prometido em Malaquias:
“de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais” (Ml 3:1)
Nós temos buscado e desejado, então o Senhor virá! Que nessas estações em que a nossa fidelidade, o nosso amor e a nossa busca a Deus estão sendo provados, que sejamos encontrados fieis. No próximo post, falaremos mais sobre a importância de estabelecermos uma cultura de oração. Até a próxima!
“Nossas orações precisam ser apoiadas numa energia que nunca esmorece, numa persistência que não aceita não como resposta, e numa coragem que nunca se rende.’ (E. M. Bounds)