Envoltos na agitação e no emaranhado de incertezas que compreendem a efemeridade da vida nesta era, temos depositado maior parte de nossa energia e tempo em prol daquilo que, assim como tudo em que consiste este século, passará. A monotonia dos dias atuais tem atingido nossos corações e afetado nosso desejo e amor pelo Senhor. Nos satisfazemos somente com aquilo que está ao nosso alcance. Enquadramos, agora, a busca que, antes, era intensa, em falsos padrões de normalidade que, na verdade, traduzem-se em mornidão.
Frieza e apatia têm crescido de forma exponencial no coração de cristãos ao redor da Terra, os conduzindo à conformidade e alimentando em seus interiores a desesperança por uma noiva que possuirá um ardente desejo pelo seu Senhor no fim dos tempos. No entanto, como diz Mike Bickle, em seu livro Paixão por Jesus, “Uma Igreja espiritualmente entediada está prestes a ficar apaixonada!” (BICKLE, 2016, pp. 126). Próxima está de nós a hora em que a apatia e a indiferença Àquele que é digno de todas as nações chegará ao fim.
O Senhor está a nos libertar da dependência de nossas capacidades, habilidades e métodos. Todos os meios de fascinação e embelezamento que tentamos até agora foram inúteis e estão sendo reduzidos a nada. Temos gastado grande parte de nosso tempo na construção de networks, treinamentos de liderança e muitas outras estratégias que prometem nos fazer avançar. No entanto, nada disso tem sido suficiente. Quando nos depararmos, então, com a nossa miséria espiritual e o esgotamento de todas as nossas possibilidades, uma oração antiga ecoará de nossos corações:
“Assim como a corça anseia pela corrente das águas, também minha alma anseia por ti, ó Deus!
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e verei a face de Deus? Minhas lágrimas têm sido meu alimento dia e noite, enquanto me dizem a toda hora: onde está o teu Deus?” – Salmo 42:1-3
Há um anseio arrebatador que envolve a alma humana. Uma ambição que reside em nós e não encontra satisfação na brevidade desta era. Assim como a água é indispensável à sobrevivência das corças, a presença de Deus é indispensável a nós. Quando nossas palavras chegam ao fim e nosso vocabulário não é mais capaz de expressar a urgência proclamada pela nossa necessidade de ter ao Senhor, as lágrimas falam por nós. Ao passo que os idiomas e dialetos humanos se tornam ineficazes, o Senhor nos concede gemidos inexprimíveis. Agora, falamos com os olhos. E, no lugar das palavras, lágrimas. Elas passam a ser nosso alimento, envolvendo-nos por inteiro. Irrompendo com a mornidão que antes habitava em nós, destruindo a repetição de nossos dias. As lágrimas são um presente concedido por Deus, elas comunicam a nós a necessidade de encontrá-lo, ver Sua face e possuir a Sua presença.
O Senhor está nos atraindo para si novamente. O Rei justo e apaixonado que resgatou com fortes mãos os hebreus do Egito, os conduzindo ao êxodo e fazendo com eles uma aliança de casamento ao pé do Sinai, também há de transicionar Sua igreja da apatia à fascinação, consumindo todos os amores rivais com o fogo que há em Seus olhos inflamados. Como fez com Gômer, a esposa do profeta Oséias que por inúmeras vezes se entregou aos opositores, o Senhor Jesus nos conduzirá ao deserto (Os. 2:14), o lugar em que fixará nEle os nossos olhares, livrando-nos de toda distração e depositando em nós um anelo desesperador por Sua presença.
Deus está despertando homens e mulheres que farão do desejo de Davi descrito em Salmo 132 o objetivo, a sina de suas vidas. Eles não se darão por satisfeitos enquanto não construírem um lugar para a presença do Senhor em seus bairros, cidades e países. Pequenos cenáculos, semelhantes ao de Atos 2, estão sendo erguidos nos territórios mais improváveis. Do Oriente ao Ocidente, o Pai está despertando uma noiva profundamente apaixonada e violenta em amor por Aquele que a cativou.
E, quanto mais se aproxima a consumação de todas as coisas e o retorno de Jesus, os cristãos de todo o globo abandonarão, sem reservas, o cristianismo dominical, em que se satisfazem com duas horas de culto semanal. Veremos, como Corpo de Cristo, Deus fazer o Seu nome grande entre as nações e suscitar entre os povos um incenso santo (Ml. 1:11). O Senhor está comprometido em derramar sobre sua Igreja uma paixão incontrolável por Seu nome, produzindo um testemunho de Seu evangelho às nações, cujo nem a morte poderá cessar. Pois, somente uma Igreja plenamente apaixonada pode completar “a medida daqueles que ainda hão de morrer” (Ap. 6:11) por amor de Seu nome.